Liu Cixin: O maior desafio da ficção científica é a tecnologia que já está ao nosso redor
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Desde seu lançamento em inglês, em novembro de 2014, o romance de ficção científica “O Problema dos Três Corpos” foi traduzido para 42 idiomas e vendeu 6,5 milhões de exemplares no exterior, tornando-se uma das obras literárias contemporâneas chinesas mais traduzidas, vendidas e influentes no mundo desde a fundação da Nova China. No marco dos 10 anos do Prêmio Hugo de Melhor Romance recebido pela obra, a Conferência de Ficção Científica Galaxy de 2025 foi realizada recentemente em Chengdu, Sichuan. Quais são os maiores desafios da ficção científica atualmente? Quais as diferenças entre a ficção científica do Ocidente e do Oriente? Ainda é possível um retorno à sua “era de ouro”? O autor de “O Problema dos Três Corpos” e convidado permanente da conferência, Liu Cixin, compartilhou suas reflexões sobre essas questões.

“O maior desafio que a ficção científica enfrenta hoje é o fato de que a tecnologia já está profundamente inserida em nossas vidas, ao nosso redor. Aquilo que antes nos parecia mágico, agora soa quase trivial”, afirmou Liu Cixin. Para lidar com esse desafio, ele observa que muitos autores vêm tentando incorporar técnicas e abordagens da literatura moderna à ficção científica, ampliando suas formas de expressão. Outros têm utilizado a ficção científica como ferramenta para observar e criticar a realidade. Contudo, segundo Liu, essas tentativas ainda não conseguiram reverter o declínio da ficção científica.

Sobre como enfrentar esse impasse, ele admite: “Sinceramente, não sei ao certo. Acredito que, assim como a ficção científica surgiu em um determinado contexto histórico, com o avanço da tecnologia surgirá também uma nova forma cultural, um novo modo de expressão capaz de refletir essa era altamente tecnológica. Mas quanto à ficção científica em si, penso que ela está cumprindo sua missão histórica.”

Liu Cixin comenta que no exterior costuma-se falar de “ficção científica chinesa” como um campo distinto do gênero. No entanto, para ele, a ficção científica chinesa é um campo literário diverso e multifacetado, difícil de ser definido em poucas palavras. Cada autor possui um estilo próprio, muitas vezes bastante distinto.

Apesar disso, Liu ressalta que as semelhanças entre a ficção científica chinesa e a de outros países são muito maiores que as diferenças, pois a ficção científica, por natureza, é uma literatura universal.

No que diz respeito a possíveis características próprias da ficção científica chinesa, Liu Cixin acredita que ela tende a expressar uma visão mais positiva do futuro. Em contraste com boa parte da ficção científica ocidental, que projeta no futuro um sentimento de crise e angústia, muitas obras chinesas mantêm um espírito de otimismo e esperança.

Outro ponto de distinção está no público leitor: na China, a maior parte dos leitores de ficção científica é composta por jovens, o que contrasta com países como os Estados Unidos, onde a faixa etária predominante está entre os 40 e 50 anos. Para Liu, essa juventude leitora representa uma grande vantagem para o desenvolvimento da ficção científica na China, já que o gênero, desde seu surgimento, sempre esteve ligado à juventude e ao desejo de explorar o desconhecido.

Obras de ficção científica podem ter muitas qualidades, mas Liu Cixin acredita que a principal delas é sua capacidade de despertar nos jovens a curiosidade pelo universo e fazê-los refletir, por meio da leitura, sobre a relação entre o ser humano e o cosmos, entre o pequeno e o imenso.

Como autor, ele naturalmente deseja que a ficção científica volte a viver uma nova “era de ouro”. No entanto, reconhece que o gênero já atravessou mais de um século de história e que o ambiente atual é muito diferente daquele de sua origem.

Segundo Liu, em escala global, a ficção científica, assim como outras formas de narrativa literária, encontra-se em processo contínuo de declínio, uma tendência determinada pelo próprio curso da história. No caso da China, a ficção científica ainda está em ascensão em comparação com outros países, mas retornar à era dourada do século XX já não é mais viável diante das condições atuais.

Liu Cixin conclui afirmando que, para impulsionar ainda mais o desenvolvimento da ficção científica, é necessário não apenas fortalecer a publicação e a criação literária no gênero, mas também investir em mídias modernas mais adequadas à sua expressão, como o cinema, a televisão e a internet.

责任编辑:辰子
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