Quando a computação quântica encontra a inteligência artificial (IA), o que pode acontecer? A Federação Chinesa de Computação (CCF) realizou, em Chengdu, a quarta edição de sua Conferência de Computação Quântica. Durante o evento, diversos especialistas do setor afirmaram que está em gestação um novo paradigma: a “inteligência artificial quântica”.
Segundo a CNS, a capacidade de processamento da informação é um dos marcos do grau de civilização da humanidade. Em 1981, o vencedor do Prêmio Nobel de Física, Richard Feynman, foi o primeiro a propor o conceito de computador quântico. Comparado aos computadores tradicionais, o computador quântico pode, em determinados cenários, alcançar aceleração exponencial, com capacidade de computação disruptiva e ser apto a resolver problemas complexos como a previsão de eventos climáticos extremos, descoberta de novos materiais e avanços em aprendizado de máquina.
“Essa convergência entre computação quântica e IA é tanto uma continuação natural da ‘segunda revolução quântica’ quanto um caminho inevitável para a IA atingir níveis mais profundos de inovação”, afirmou Guo Guangcan, membro da Academia Chinesa de Ciências e professor da Universidade de Ciência e Tecnologia da China. Ele explicou que a IA, com sua excelência em reconhecimento de padrões e busca global, complementa de forma natural a tecnologia quântica: algoritmos de IA podem identificar rapidamente, em espaços de alta dimensionalidade, os pulsos de controle ideais, descobrir automaticamente leis físicas ocultas nos dados e propor soluções otimizadas que acelerem o desenvolvimento de computadores quânticos universais. Já o hardware quântico oferece à IA uma potência de computação próxima ao limite físico.
Su Gang, pesquisador do Instituto de Física Teórica da Academia Chinesa de Ciências, também afirmou que a chamada “computação inteligente quântica” poderá aproveitar ao máximo o poder exponencial da computação quântica e sua habilidade em lidar com dados de alta dimensão, por meio de hardwares quânticos escaláveis e resistentes a ruídos, junto a um design algorítmico sofisticado. Isso impulsionará o desenvolvimento da inteligência artificial forte, possibilitando aplicações disruptivas em áreas como desenvolvimento de medicamentos, design de materiais, otimização combinatória e condução autônoma, guiando a humanidade a uma nova era de computação e inteligência.
Desde que, em 2021, a tecnologia da informação quântica foi classificada como área prioritária de desenvolvimento tecnológico avançado, a ciência quântica na China tem se desenvolvido rapidamente. Segundo o relatório sobre a indústria de computação quântica divulgado na conferência, até 2024, mais de 30 países já lançaram estratégias nacionais voltadas à computação quântica, abrangendo pesquisa tecnológica, ampliação de cenários de aplicação e construção de ecossistemas industriais. As políticas chinesas voltadas ao setor estão se aperfeiçoando gradualmente. Em termos de escala industrial, dados da consultoria ICV TAnK indicam que, até 2035, o mercado global de computação quântica alcançará US$ 807,75 bilhões, com a China respondendo por 29,49% desse total e tornando-se um dos principais polos de crescimento do setor.
Neste contexto, a integração entre computação quântica e IA está se acelerando. O relatório destaca que os efeitos sinérgicos entre ambos são cada vez mais evidentes em áreas como design de hardware, otimização de algoritmos e inovação de modelos, tornando-se uma linha de pesquisa central. A IA pode contribuir com o desenvolvimento de hardware para computação quântica, enquanto a computação quântica abre caminho para avanços nos modelos de IA quântica. Essa colaboração mútua tende a impulsionar significativamente o progresso dos algoritmos e suas aplicações.
Com o avanço contínuo do hardware quântico e a inovação acelerada de algoritmos, a integração está se deslocando rapidamente da pesquisa básica para aplicações tecnológicas e a transformação industrial.
Xiang Jingen, fundador e CEO da SpinQ Technology Inc., sediada em Shenzhen, Guangdong, prevê que computadores quânticos universais de alto desempenho deverão surgir nos próximos 10 a 15 anos. Ele revelou que, ainda este ano, a SpinQ planeja lançar produtos como assistentes educacionais baseados em IA e computação quântica, além de aprofundar a integração entre ambas, aprimorar a gestão de recursos na nuvem quântica e expandir parcerias com grandes clientes de diversos setores.
Zeng Genghua, presidente da Chengdu Data Automation System Technologies Co. Ltd., com sede em Chengdu, Sichuan, afirmou que a computação quântica, como “potência computacional definitiva”, possui potencial disruptivo em vários campos e impulsionará a criação de produtos inovadores, capacitando múltiplas indústrias. Segundo ele, a empresa está integrando profundamente a tecnologia de IA a seus softwares de medição e controle quântico e a soluções de sistemas, para oferecer aos usuários científicos e industriais uma experiência de operação de hardware quântico mais eficiente e precisa.