A inovação e o empreendedorismo não são apenas motores do crescimento econômico, mas também pilares do avanço tecnológico e da competitividade global. Como está estruturado o ecossistema de inovação da China? E, diante das transformações disruptivas provocadas pela inteligência artificial, quais são os principais desafios e oportunidades para o cenário global de inovação e empreendedorismo? Francisco Veloso, reitor da INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), discute sobre o tema.
Francisco Veloso apresentou a INSEAD, fundada em 1957, como uma das escolas de negócios mais prestigiadas e internacionalizadas do mundo, com campi na França, Singapura, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos. Segundo ele, o desenvolvimento da escola ao longo das últimas décadas espelha a cooperação internacional no campo da inovação e do empreendedorismo.
Ele destacou que este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e a União Europeia. Como um instituto originário da Europa, o INSEAD possui uma base sólida de cooperação com a China. “A China é uma peça central no ambiente global de negócios. Já em 2007, em cooperação igualitária com a Universidade Tsinghua, lançamos o primeiro programa de duplo diploma com aulas inteiramente em inglês na China continental: o programa ‘Tsinghua-INSEAD Executive MBA’.” Atualmente na 17ª edição, o programa já formou cerca de 700 alunos oriundos de 51 países e regiões da Ásia, Europa, Américas, Oceania e África, com participantes vindos de setores como finanças, consultoria, farmacêutica, tecnologia, manufatura e energia.
Francisco Veloso afirmou que os avanços da China em inovação e empreendedorismo são notáveis. Em pouco tempo, o país passou de mero “tradutor” tecnológico para verdadeiro inovador, liderando mundialmente áreas como tecnologias climáticas e energias alternativas.
No cenário global, o número de pedidos de patentes da China é impressionante. Em Singapura, por exemplo, empresas chinesas já superaram as americanas nesse quesito. Em determinados mercados verticais, companhias chinesas demonstram nível internacional de excelência. Um exemplo citado foi o desempenho dos carros elétricos chineses com tecnologia solar, considerados líderes no mercado global.
Para Veloso, a inteligência artificial representa uma inovação extraordinária em diversos níveis. A IA está revolucionando o mundo ao impactar profundamente qualquer tipo de organização, seja nova ou estabelecida, tecnológica ou não. A posição de vanguarda da China em pesquisa e desenvolvimento de IA lhe confere uma vantagem estratégica para liderar essas transformações aceleradas.
Ele acrescentou que a inteligência artificial está acelerando muitos processos inovadores, remodelando o ecossistema global de inovação e agilizando o empreendedorismo ao tornar etapas como concepção de ideias e testes de conceito mais eficientes. Veloso acredita ainda que a IA pode cooperar com os seres humanos para reduzir os recursos necessários à sobrevivência e operação das empresas, diminuindo assim as barreiras para a viabilidade comercial. Isso é crucial para empreendedores e startups, que podem alcançar impacto de mercado sem precisar atingir a escala tradicional, promovendo um ecossistema de inovação mais enxuto e acessível.