"O Kwaishou é uma plataforma onde pessoas comuns têm a chance de serem vistas. Nosso conceito de 'Aqui Geral Brilha' deixou uma impressão marcante nos usuários do Brasil e do Sudeste Asiático", afirmou Ma Hongbin, vice-presidente sênior e responsável pelos negócios internacionais da Kuaishou Technology, em uma recente entrevista à Xinhua.
Ma destacou que, para as empresas chinesas alcançarem sucesso fora do país, é fundamental fincar raízes nos mercados locais e adaptar com sensibilidade as experiências bem-sucedidas da China às realidades regionais.
Fundado em 2011, o Kuaishou é hoje uma das maiores plataformas de vídeos curtos da China, com mais de 736 milhões de usuários ativos mensais na China. Após vários ciclos de ajustes e refinamento estratégico, a empresa passou a focar seus esforços globais principalmente no Sudeste Asiático e na América Latina.
Segundo Ma, a expansão do Kwai, versão internacional do Kuaishou, se baseia em dois pilares fundamentais -- investimento de longo prazo e uma operação fortemente local. No Brasil, isso tem se traduzido na formação de equipes locais, no apoio a eventos culturais e na melhoria da experiência de usuários em regiões com baixa conectividade.
De acordo com dados de institutos independentes, o Kwai já é a sexta plataforma mais utilizada no Brasil em termos de tempo de uso, com 60 milhões de usuários ativos por mês e média diária de 75 minutos por usuário.
"Estar verdadeiramente presente no local dia a dia é essencial para crescer", disse Ma, que também atribuiu o crescimento do Kwai no Brasil à agilidade na tomada de decisão, rapidez na execução e capacidade de mobilizar recursos.
Mais do que um aplicativo de vídeos, o Kwai tem construído no Brasil um ecossistema digital sustentável, gerando valor econômico por meio da conexão entre criadores independentes e usuários. A plataforma já contribuiu para a monetização para mais de 1 milhão de criadores brasileiros -- de treinadores de futebol que atraem novos alunos com seus conteúdos a pescadores da Amazônia que conquistam públicos específicos.
Ma explicou que esse modelo é sustentado por uma lógica já amplamente validada na China -- o uso de algoritmos inteligentes para fazer conexões precisas entre oferta e demanda. "O Kwai é, no fundo, uma empresa de tecnologia. E nossa força está justamente em promover conexões certeiras", destacou.
Se a expansão global das empresas de internet chinesas pode ser vista como uma nova "rota da seda digital", seu verdadeiro valor está na criação de pontes eficientes entre quem cria e quem consome.
No Brasil, essa lógica já permite que o Kwai vá além do entretenimento, atendendo a demandas como comércio eletrônico, busca de emprego e até venda de imóveis, disse Ma, acrescentando que mesmo sendo pequenos individualmente, os casos apresentados na plataforma geram um impacto coletivo capaz de transformar o cenário digital local.
O ambiente regulatório favorável oferecido pelo governo brasileiro também tem sido um importante catalisador para o desenvolvimento do Kwai no país.
Com a visita do presidente Lula à China e o fortalecimento dos laços sino-brasileiros, a economia digital brasileira desponta como campo fértil em áreas como comércio eletrônico, inteligência artificial e serviços tecnológicos.
Ma observou que o mercado de comércio eletrônico no Brasil ainda pode crescer de seis a oito vezes. Os custos logísticos no Brasil ainda são cerca de dez vezes maiores do que na China, mas já apresentam uma queda anual entre 15% e 30% ao ano, o que abre espaço para que as experiências chinesas contribuam significativamente para o avanço do setor.
Ao falar sobre as perspectivas para 2025, Ma citou de forma simbólica o filme brasileiro vencedor do Oscar, Ainda Estou Aqui, para expressar o compromisso de longo prazo da empresa com o país -- independentemente das mudanças internas, o Kwai pretende continuar sua jornada no Brasil.
"Aqui Geral Brilha", o lema, aparentemente simples, encapsula a essência da estratégia internacional do Kwai. Quando perguntado sobre qual aspecto da plataforma ele preferiria que os usuários internacionais se lembrassem, Ma respondeu de forma clara: "Esse é um palco para pessoas comuns. Todos merecem a chance de se destacar."