A quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) foi realizada recentemente em Pequim. Na ocasião, o presidente chinês Xi Jinping anunciou a disposição da China em iniciar, junto aos países latino-americanos e caribenhos, cinco grandes programas de cooperação. Dentre eles, o Programa de Civilização se destaca por focar na implementação da Iniciativa da Civilização Global, promovendo uma visão de civilização baseada na igualdade, aprendizado mútuo, diálogo e inclusão. A proposta expressa o desejo da China de tomar o diálogo entre civilizações como elo para, em parceria com os países latino-americanos, construir uma comunidade de destino comum.
Apesar da grande distância geográfica entre a China e a América Latina e o Caribe, os laços amistosos entre as regiões são antigos e próximos, como se fossem vizinhos. Já no século XVI, mercadorias chinesas cruzavam os mares nos chamados “Galeões de Manila”, também conhecidos como “naus da China”, abrindo caminho para os intercâmbios comerciais e culturais entre os dois lados. O restaurante centenário “CHIFA UNION”, em Lima, no Peru, simboliza a presença duradoura da imigração chinesa e o enraizamento da culinária chinesa na América Latina. Os intercâmbios culturais têm promovido o desenvolvimento mútuo e favorecido a troca e a aprendizagem entre as culturas da Ásia, das Américas e do mundo.
A abertura e a tolerância intrínsecas às culturas da China e da América Latina fazem com que ambas as partes se apreciem e aprendam uma com a outra, tornando-se exemplo de civilizações milenares em diálogo e aprendizado recíproco. Esse processo tem conduzido as relações sino-latino-americanas a uma nova etapa pautada na igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar dos povos.
Hoje, esse diálogo civilizacional se manifesta de múltiplas formas no contexto da globalização. Com o florescimento do comércio eletrônico transfronteiriço, produtos como cerejas do Chile e café do Brasil têm conquistado espaço à mesa dos chineses, enquanto smartphones, motocicletas, geladeiras e geradores chineses de boa qualidade e preço acessível ganham os lares latino-americanos. O interesse por culturas recíprocas cresce: a “febre da América Latina” e o “interesse pelo mandarim” continuam em ascensão; há aumento contínuo no número de turistas e estudantes intercambistas; projetos culturais de pequeno porte e grande impacto, como o diálogo entre tesouros nacionais, oficinas de chinês e escavações arqueológicas em sítios maias, têm sido implementados com sucesso. Desde sua criação em 2017, o Fórum de Diálogo entre as Civilizações da China e da América Latina já realizou sete edições e se consolidou como uma das mais importantes plataformas públicas de intercâmbio entre as duas regiões.
Ao transformar vantagens complementares em oportunidades de cooperação e integrar os intercâmbios culturais ao cotidiano, China e América Latina avançam juntas em uma “via expressa” de desenvolvimento, fortalecendo ainda mais os laços entre seus povos.
Como países em desenvolvimento e membros do Sul Global, China e América Latina compartilham valores fundamentais como a busca pela paz, pelo desenvolvimento e pela solidariedade no caminho rumo à modernização. Diante de ações unilaterais de certos países que desestabilizam o mercado global e atacam o sistema multilateral de comércio, os participantes do fórum emitiram uma voz conjunta em prol da unidade, da cooperação e do benefício mútuo, a “voz sino-latino-americana”, defendendo os interesses do Sul Global e oferecendo ao mundo uma fonte de estabilidade.
Como afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, ao presidir o fórum: “China e América Latina estão separadas por milhares de quilômetros, então o que nos une? Não é o tabuleiro da geopolítica, nem o jogo de disputas entre grandes potências, mas sim o compromisso comum com a justiça e a equidade, e a busca compartilhada pela modernização.”.
Ao completar dez anos de funcionamento, o Fórum China-CELAC cresceu de uma semente frágil a uma árvore frondosa, fruto da ressonância entre a sabedoria oriental, que valoriza a harmonia na diversidade, e a visão latino-americana de uma civilização “diversa e unificada”. Essa evolução envia ao mundo uma mensagem clara de solidariedade e cooperação frente aos desafios, promovendo por meio do diálogo civilizacional a construção sólida e duradoura de uma comunidade de destino China-América Latina.