No dia 13 de maio, o presidente chinês, Xi Jinping, fez um discurso principal na cerimônia de abertura da quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC em Beijing. (Foto: CNS)
O presidente chinês, Xi Jinping, proferiu nesta terça-feira (13) um discurso principal na cerimônia de abertura da quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
Segue o texto na íntegra do discurso:
Escrever um Novo Capítulo de Formação de uma Comunidade com Futuro Compartilhado China-ALC
Discurso Principal de S.E. Xi Jinping
Presidente da República Popular da China
Na Cerimônia de Abertura da Quarta Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC
Beijing, 13 de maio de 2025
Sua Excelência o Senhor Presidente Gustavo Petro,
Sua Excelência o Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Sua Excelência o Senhor Presidente Gabriel Boric,
Sua Excelência a Senhora Presidenta Dilma Rousseff,
Representantes dos Estados-Membros da CELAC,
Senhoras e Senhores,
Amigos,
É uma grande satisfação reunir-me com novos e velhos amigos dos países da América Latina e Caribe (ALC) em Beijing. Em nome do governo e povo chineses, gostaria de estender as calorosas boas-vindas a todos!
Foi em 2015, representantes da ALC e eu participamos, em Beijing, da cerimônia de abertura da Primeira Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC (FCC) , ocasião que marcou o lançamento do FCC. Nos últimos dez anos, graças aos cuidados dedicados de ambos os lados, o FCC já cresceu de uma muda tenra a uma árvore que se ergue alta, fato com o qual me sinto muito orgulhoso e satisfeito.
Apesar da longa distância geográfica, a China e a ALC possuem laços amistosos que remontam a longa data. No século XVI, várias Naus da China, repletos da amizade, navegavam no Oceano Pacífico, abriram o prólogo do intercâmbio entre a China e a ALC. Desde a década de 1960, com o estabelecimento das relações diplomáticas entre a nova China e alguns países da ALC, a China e a Região têm mantido o intercâmbio e a cooperação cada vez mais estreitos. Desde o novo século, sobretudo nos últimos anos, têm escrito histórias de futuro compartilhado.
Ficamos ombro a ombro e apoiamos um ao outro. A China expressa o apreço pelo compromisso dos países da ALC com os quais tem relações diplomáticas com o princípio de uma só China, e apoia firmemente os países da ALC a seguir caminhos de desenvolvimento correspondentes às próprias realidades nacionais, a defender sua soberania e independência e a rejeitar interferências externas. Na década de 1960, havia manifestações em massa em toda a China para mostrar o apoio ao povo do Panamá na recuperação da soberania sobre o Canal do Panamá. Na década de 1970, período das campanhas pelos direitos marítimos de 200 milhas náuticas nos países da ALC, a China deu apoios resolutos e inequívocos aos pleitos legítimos dos países em desenvolvimento. Desde 1992, a China tem votado por 32 vezes consecutivas na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a favor das resoluções que apelam ao fim do embargo a Cuba imposto pelos Estados Unidos.
Aproveitamos a maré de progressos para realizar a cooperação de ganhos compartilhados. Abraçando a tendência da globalização econômica, a China e a ALC aprofundam constantemente a cooperação em áreas de comércio, investimento, finanças, ciência e tecnologia, infraestrutura, entre outras. No âmbito da cooperação Cinturão e Rota de alta qualidade, os dois lados implementaram mais de 200 projetos de infraestrutura, criando milhões de postos de emprego. A cooperação em satélites entre a China e a ALC estabeleceu um exemplo para a cooperação Sul-Sul de alta tecnologia. A inauguração bem-sucedida do Porto de Chancay, Peru, abriu um novo corredor terrestre-marítimo entre a Ásia e a ALC. A China tem assinado acordos de livre comércio com países como o Chile, o Peru, a Costa Rica, o Equador, a Nicarágua. No ano passado, o fluxo comercial entre a China e a ALC ultrapassou US$500 bilhões pela primeira vez, marcando mais de 40 vezes dos valores no início do presente século.
Apoiamo-nos nos momentos difíceis para superar as dificuldades. A China e os países da ALC cooperam-se em prevenção, mitigação e resgate nos desastres e respondem conjuntamente a desastres naturais como furacões e terremotos. Desde 1993, a China tem enviado 38 equipes médicas a países caribenhos. Perante a pandemia do século, a China foi um dos primeiros a oferecer mais de 300 milhões de doses de vacinas e quase 40 milhões unidades de materiais e equipamentos médicos aos países da ALC e despachou múltiplas equipes de especialistas médicos, ajudando a proteger vidas de centenas de milhões de pessoas da Região.
Mantemos a solidariedade e a colaboração e respondemos aos desafios globais com determinação. A China e a ALC praticam o verdadeiro multilateralismo, salvaguardam juntos a equidade e a justiça internacionais, impulsionam a reforma do sistema de governança global e promovem a multipolarização do mundo e a democratização das relações internacionais. Respondemos proativamente aos desafios globais como mudanças climáticas e promovemos juntos o progresso de governança global da biodiversidade. A China e o Brasil emitiram juntos entendimentos comuns sobre uma resolução política para a crise na Ucrânia que são endossados por mais de 110 países, contribuindo sabedoria e força à resolução de questões candentes globais.
Fatos provam que a China e os países da ALC estão avançando de mãos dadas como uma comunidade com futuro compartilhado. Esta comunidade nossa é fundamentada na igualdade, energizada por benefícios mútuos e ganhos compartilhados, impulsionada pela abertura e inclusividade, e dedicada ao bem-estar do povo. Ela apresenta vitalidade duradoura e tem futuro promissor.
Distintos convidados, Amigos,
As transformações do nosso século estão ocorrendo aceleradamente em todo o mundo, e múltiplos riscos estão se entrelaçando e se sobrepondo. Este desenvolvimento faz a união e a cooperação entre nações indispensáveis para salvaguardar a paz e a estabilidade do mundo e promover o desenvolvimento e a prosperidade globais. Não há vencedor em guerras tarifárias e comerciais. Intimidação sistêmica e hegemonismo só resultarão em isolamento de si próprio. A China e os países da ALC são membros importantes do Sul Global. A independência e a autonomia são as nossas tradições gloriosas. O desenvolvimento e a revitalização são os nossos direitos inerentes. A equidade e a justiça são as nossas buscas comuns. Face às correntes ocultas na geopolítica e de confronto em bloco, bem como crescentes contracorrentes como o unilateralismo e o protecionismo, a China está disposta a trabalhar junto com a ALC, para lançar os cinco programas que visam promover o nosso desenvolvimento e revitalização e contribuem para a formação conjunta de uma comunidade com futuro compartilhado China-América Latina e Caribe.
O primeiro é o Programa de Solidariedade. A China trabalhará com os países da ALC para se apoiar mutuamente em questões relativas aos respectivos interesses vitais e grandes preocupações. Temos que destacar o intercâmbio em todas as áreas e reforçar a comunicação e a coordenação nos importantes assuntos internacionais e regionais. Nos próximos três anos, para facilitar os nossos intercâmbios sobre as melhores práticas da governança, a China convidará a cada ano 300 membros de partidos políticos dos Estados-Membros da CELAC para visitar a China. A China apoia os esforços dos países da ALC a aumentar a sua inserção nos foros multilaterais. Trabalharemos com os países da ALC para salvaguardar firmemente o sistema internacional centrado na ONU e a ordem internacional alicerçada no direito internacional, e emitir uma voz só nos assuntos internacionais e regionais.
O segundo é o Programa de Desenvolvimento. A China trabalhará com os países da ALC para implementar a Iniciativa para o Desenvolvimento Global, defender resolutamente o sistema multilateral do comércio, garantir cadeias produtivas e de suprimento globais estáveis e desimpedidas e promover um ambiente internacional de abertura e cooperação. Devemos reforçar sinergias entre as nossas estratégias de desenvolvimento, ampliar a cooperação Cinturão e Rota de alta qualidade, aprofundar a cooperação em áreas tradicionais como infraestrutura, agricultura e alimentos, energia e mineração, expandir a cooperação em áreas emergentes como energia limpa, 5G, economia digital e inteligência artificial, e implementar a Parceria Científico-Tecnológica China-ALC. A China importará mais produtos de qualidade dos países da ALC e encorajará as empresas chinesas a aumentar o investimento na Região. Forneceremos uma linha de crédito equivalente a 66 bilhões de yuan para apoiar o desenvolvimento dos países da ALC.
O terceiro é o Programa de Civilização. A China trabalhará com os países da ALC para implementar a Iniciativa para a Civilização Global. Devemos advogar a visão de igualdade, aprendizagem mútua, diálogo e inclusividade entre diferentes civilizações, e preconizar os valores comuns da humanidade—paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade. Devemos aprofundar o intercâmbio civilizacional e a aprendizagem mútua entre a China e a ALC, e vamos organizar uma conferência sobre o diálogo intercivilizacional China-ALC. Devemos aprofundar o intercâmbio e a cooperação em áreas de cultura e arte, e realizar a Temporada da Arte Latino-Americana e Caribenha. Devemos reforçar o intercâmbio e a cooperação na área de patrimônios culturais como projetos arqueológicos conjuntos, a conservação e a restauração de sítios antigos e históricos, e as exposições museológicas. Devemos também realizar estudos sobre civilizações antigas e combater juntos o tráfico ilícito de bens culturais.
O quarto é o Programa de Paz. A China implementará, junto com os países da ALC, a Iniciativa para a Segurança Global. A China apoia a Proclamação da América Latina e Caribe como Zona de Paz e a Declaração dos Estados-Membros da Organização para a Proscrição das Armas Nucleares na América Latina e Caribe. Os dois lados reforçarão a cooperação em gestão de desastres, segurança cibernética, lutas contra o terrorismo e a corrupção, controle de narcóticos e combate ao crime organizado transnacional, com vistas a manter a segurança e a estabilidade regionais. A China organizará programas de treinamento em aplicação da lei conforme as necessidades dos Estados-Membros da CELAC e fará o melhor para oferecer assistência em termos de equipamentos.
O quinto é o Programa de Conetividade entre Povos. Nos próximos três anos, a China oferecerá aos Estados-Membros da CELAC, 3.500 bolsas de estudo governamentais, 10 mil vagas de formação na China, 500 Bolsas de Estudo para Professores Internacionais da Língua Chinesa, 300 vagas de formação para profissionais de redução da pobreza e 1.000 oportunidades financiadas no âmbito do programa Chinese Bridge. Vamos iniciar 300 projetos do bem-estar “pequenos e bonitos”, promover ativamente programas de cooperação da educação vocacional como Oficinas de Luban, e apoiar os Estados-Membros da CELAC no ensino da língua chinesa. Lançaremos uma exposição de filmes e programas de televisão chineses no âmbito do Programa The Bond, e trabalhará para traduzir e introduzir anualmente 10 séries de TV ou programas audiovisuais de boa qualidade dos dois lados. Vamos organizar o diálogo de turismo China-ALC. Para facilitar o intercâmbio amistoso, a China decidiu isentar o visto dos visitantes para o primeiro lote de cinco países da ALC, e ampliar, em tempo oportuno, a abrangência da isenção de vistos para mais países da Região.
Distintos convidados, Amigos,
Diz um poema chinês do Século XI, “A maior alegria da vida vem de encontrar almas afins”. Na ALC também há um provérbio que diz, “Quem tem um amigo, tem um tesouro.” Não importa como o mundo mude, a China é sempre um bom amigo e bom parceiro dos países da ALC. Vamos avançar de mãos dadas nos nossos caminhos à modernização e vamos escrever juntos um novo capítulo de formação de uma comunidade com futuro compartilhado China-ALC.