Em 23 de abril, comerciantes fazem compras na 137ª Feira de Cantão, na metrópole de Guangzhou, no sul da China. (Xinhua)
Mesmo André de Souza tendo participado da Feira de Cantão por quase uma década, ele ainda ficou surpreso com a mudança da feira deste ano: uma Zona de Robôs de Serviço foi lançada pela primeira vez.
Criada em 1957, a Feira de Cantão é realizada duas vezes por ano na metrópole de Guangzhou, no sul da China. Programada para ocorrer de 15 de abril a 5 de maio, a 137ª sessão atraiu cerca de 31 mil empresas participantes.
Dados da feira mostram que, como uma importante plataforma de cooperação econômica e comercial entre a China e o Brasil, a Feira de Cantão atrai aproximadamente 6.000 compradores brasileiros a cada sessão.
Andando pela zona dos robôs, André foi atraído por um robô de café totalmente automatizado, que pode fazer um café em menos de 90 segundos. "Essa xícara de café tem uma textura suave e um sabor muito bom. Além disso, é possível fazer o upload de fotos para a arte do café com leite", disse André.
Por meio do aprendizado de IA, esse robô de café dominou as receitas de mais de mil produtos de café no país e no exterior, disse Han Zhaolin, fundador da Shanghai Hi-Dolphin Robot Technology Co., Ltd, acrescentando que esse tipo de robô foi exportado para mais de 40 países e regiões.
Os robôs de café estavam entre as centenas de produtos robóticos inovadores e inteligentes fabricados na China e expostos na feira, que atrai 46 empresas chinesas de alta tecnologia participantes.
Dados da Administração Estatal para Regulação do Mercado mostram que, até o final de 2024, havia um total de 451.700 empresas de robôs inteligentes na China.
André, nascido em 1990 em Porto Velho, estado de Rondônia, no norte do Brasil, onde ele brinca que há mais vacas do que pessoas, e a população de sua cidade natal é quase a mesma que a dos compradores estrangeiros na feira.
Durante a 136ª sessão da Feira de Cantão em 2024, um total de 253 mil compradores estrangeiros de 214 países e regiões participaram do evento, estabelecendo um novo recorde.
A Feira de Cantão é o mais antigo de vários eventos abrangentes de comércio internacional na China e tem sido aclamada como o barômetro do comércio exterior da China. "Fiquei totalmente surpreso com sua escala", disse o empresário brasileiro, que compartilha estatísticas impressionantes sobre o evento: a área de exposição é equivalente a mais de 200 campos de futebol.
"Se alguém passasse 3 minutos em cada estande, levaria 104 dias consecutivos para explorar todos eles", observou André.
Ele descreve a feira como uma "máquina do tempo" para que as pessoas vislumbrem as próximas tendências globais de inovação. Por exemplo, novas tecnologias como os drones, que estão surgindo agora no Brasil, já são parte integrante da vida cotidiana na China.
A jornada de André para a China começou em 2010, quando ele estudava na Universidade Politécnica de Hong Kong e fundou sua própria empresa comercial. Desde então, ele começou a fazer negócios com os chineses, visitando centenas de fábricas e desenvolvendo um profundo conhecimento do processo de fabricação da China.
A empresa de André desempenha um papel crucial ao ajudar os países de língua portuguesa a fazer negócios com a China. "Oferecemos três serviços principais: educação sobre como fazer negócios na China, prestação de serviços como fornecimento de produtos, logística e alfândega para os clientes e organização de delegações comerciais para a Feira de Cantão", disse André, que já apresentou mais de 500 compradores brasileiros à feira.
Em termos de interesses de produtos, o Brasil tem uma forte demanda por bens de construção e maquinário, já que muitas das máquinas das fábricas brasileiras são adquiridas na China. Além disso, bens de consumo, como itens para casa e cozinha, produtos eletrônicos e produtos relacionados à energia, como painéis solares, também estão em alta demanda. Recentemente, tem havido um interesse crescente em drones e robôs, de acordo com o brasileiro.
Na última década, André testemunhou uma mudança significativa na percepção dos produtos chineses no Brasil. Antes associadas à baixa qualidade e à imitação, as marcas chinesas agora são vistas como inovadoras, frescas e de alta qualidade. Marcas como os carros elétricos da BYD e os drones da DJI causaram uma forte impressão no mercado brasileiro.
Olhando para o futuro, André planeja trazer mais empreendedores e empresas brasileiras para a feira, com o objetivo de diminuir a distância entre o Brasil e a China e promover a cooperação comercial.
"Também quero ajudar as marcas chinesas a entrarem no mercado brasileiro, seja por meio de colaborações de marca dupla com marcas locais ou parcerias com distribuidores brasileiros", disse André, acrescentando que sua empresa está até mesmo considerando abrir um novo escritório na China, potencialmente em Guangzhou ou Ningbo, para facilitar melhor esses esforços.
A esperança de longo prazo do brasileiro é que, por meio dessa cooperação, o Brasil possa aprender com a inovação e o desenvolvimento da China, especialmente na construção de infraestrutura, onde a China já fez algumas incursões no Brasil.
Outro comprador brasileiro, Marcos, disse que conheceu muito mais pessoas, especialmente do Brasil, na feira: "Temos cada vez mais fornecedores chineses vindo ao Brasil e eles querem fazer negócios conosco. E se o Brasil aproveitar a oportunidade de trabalhar com a China, nós cresceríamos imensamente com os chineses em termos de negócios".
Dados da Feira de Cantão mostram que, até 19 de abril, 148.585 compradores estrangeiros de 216 países e regiões de todo o mundo participaram da feira, um aumento de 20,2% em comparação com a 135ª sessão realizada na primavera de 2024.