Em abril, durante a primavera em Jilin, no nordeste da China, na sala de monitoramento digital da Fazenda Inteligente Dongli, Han Xingwang toca a tela e inicia o preparo de 20 toneladas de sementes de arroz na câmara de germinação. O que antes exigia a colaboração de dezenas de trabalhadores, hoje é realizado por um único técnico, refletindo as transformações em curso nas zonas rurais da região.
Segundo a CNS, para Han Xingwang, que cultiva 463 hectares de arroz, a agricultura tornou-se uma disputa de dados. “O arroz negro é muito bem aceito no exterior, e os pedidos deste ano aumentaram 30% em relação ao ano passado.” Especialista em Internet das Coisas, esse “novo agricultor” exibe seu terminal inteligente, no qual os quadros verdes do mapa via satélite atualizam em tempo real a umidade do solo. Atrás dele, uma semeadora equipada com o sistema de navegação via satélite Beidou segue com precisão o trajeto digital, com margem de erro inferior a 2 centímetros.
A cerca de 50 quilômetros dali, na Fazenda Familiar Jiuyuefeng, em Yongji, Xiao Jianbo também integra algoritmos de inteligência artificial à tradição milenar da agricultura. Em parceria com a Universidade de Ciência e Tecnologia Agrícola de Jilin, seu laboratório utiliza IA para substituir a seleção manual de sementes.
Xiao explica que, após a configuração dos modelos computacionais pelos especialistas, a IA escolhe as sementes de melhor qualidade com base nos dados fornecidos. Redes neurais com capacidade de até 3 mil operações por segundo garantem a excelência de cada grão “Longjing 66”, prestes a ser exportado para Coreia do Sul, Japão e Sudeste Asiático.
O encontro entre o tradicional e o moderno se repete no campo. Na vila Daguandi, onde antes se lavrava a terra negra com arados de ferro, hoje é possível acessar planos profissionais de cultivo via aplicativo no celular.
De acordo com o Departamento de Agricultura e Assuntos Rurais da cidade de Jilin, já foram estabelecidas mais de 160 bases agrícolas visuais de médio e grande porte, que coletaram mais de 250 milhões de dados agrícolas sensoriais. Esses dados alimentam a IA que forma o “supercérebro” para orientar a produção rural local.
Nos últimos anos, a província de Jilin tem impulsionado a construção de terras agrícolas de alto padrão, criando condições ideais para a atuação de “bois inteligentes” movidos por IA. No Grupo Agrícola Laoyeling, que possui terrenos concentrados, insumos e mudas são entregues por drones autônomos.
Apontando para a linha de produção e processamento totalmente automatizada, o vice-diretor do grupo, Zhang Yonggang, destaca: “A capacidade de empacotar 4.000 unidades por hora nos permite atender à demanda dos clientes da Coreia do Sul. A IA também auxilia na elaboração dos planos de produção conforme as mudanças climáticas. Etapas como descasque, processamento e embalagem do arroz são todas controladas por IA.”
Com a IA se consolidando como a nova ferramenta do campo, as áreas rurais do nordeste da China estão redefinindo o que significa “viver com os pés na terra”. As feiras de máquinas agrícolas têm atraído cada vez mais a atenção dos novos agricultores. Han Xingwang participa todos os anos, em busca de soluções mais inteligentes e eficientes. “A época de curvar o corpo para plantar já passou. Hoje, para cultivar bem, é preciso saber operar os ‘bois inteligentes’.”