“Quem não visita a Grande Muralha não é um verdadeiro herói”. A sinóloga tunisiana Samah Mohamed Abdelkader traduziu para o árabe a série de livros “História da Civilização Chinesa”, incluindo “História da Grande Muralha”, publicando-a para os leitores do Norte da África. Este trabalho oferece uma visão sistemática da história da Grande Muralha da China desde o período pré-Qin até as Dinastias Ming e Qing, suas utilidades e construção, bem como seus importantes sítios históricos. “A Grande Muralha é um orgulho e um símbolo da China”, comenta Samah. Segundo ela, para um estrangeiro começar a conhecer a China, entender a Grande Muralha é um bom ponto de partida.
“Com mais de dois milênios de história e estendendo-se por mais de dez mil quilômetros”. Em outubro de 2008, durante seus estudos na China, Samah visitou a Grande Muralha pela primeira vez, maravilhando-se com a magnitude da obra e sua longa história de construção, algo único no mundo. Ela relembra como o incentivo de seu pai a levou a estudar mandarim e a formar laços com a China.
Após concluir o ensino médio, Samah foi aceita na Faculdade de Linguística da Universidade Ain Shams no Egito, inicialmente com o plano de estudar alemão. Contudo, devido a limitações específicas do curso, ela teve a opção de mudar para o estudo do mandarim ou do russo. Samah então solicitou a transferência de curso, mas, conforme as regras da faculdade, precisava continuar seus estudos em mandarim enquanto aguardava a aprovação do pedido. Durante esse período, seu pai, um ávido leitor, sempre a encorajou: “Embora o mandarim seja difícil de aprender, através dele você descobrirá a grandeza da China!”
Com o incentivo de seu pai, Samah começou a estudar mandarim e rapidamente foi cativada pelo charme do idioma. Um mês depois, ao ser informada pela faculdade de que sua solicitação de transferência havia sido aprovada, ela decidiu firmemente que continuaria seus estudos em mandarim.
Após concluir a graduação, Samah continuou seus estudos, obtendo mestrado e doutorado, e se aprofundou em literatura, história e cultura chinesas, incluindo muitos trabalhos sobre a Grande Muralha.
Sua tese de doutorado foi uma oportunidade para coletar materiais na China, visitando pela primeira vez a região de Badaling da Grande Muralha, uma experiência que ela descreve como profundamente impactante: “Sem ver a Grande Muralha, é difícil compreender sua imponência e grandiosidade”.
Mais tarde, ela viveu em Pequim por sete anos, obtendo um segundo doutorado na Universidade de Língua e Cultura de Pequim. Em 2014, retornou à Tunísia com o marido e começou a ensinar mandarim no Instituto Superior de Línguas de Tunis da Universidade de Cartago.
“Minha história com a China ainda não terminou; quanto mais estudo, mais desejo aprender”, comenta Samah, que durante seu período de docência, também se dedicou à tradução de livros chineses, permitindo-lhe redescobrir e entender mais profundamente a China.
A “História da Grande Muralha” é uma das obras que Samah traduziu da série “História da Civilização Chinesa”. Por meio de suas traduções, ela não só apresenta aos leitores do Norte da África a antiga fortificação em si, mas também narra a história do povo chinês através dela. “A Grande Muralha não é apenas um monumento; representa também a diligência, a inteligência e a coragem do povo chinês”, explica Samah.
A Grande Muralha é um baluarte de estabilidade e paz, essencialmente uma obra de defesa. Ao proteger e defender, ela não se isolou do mundo.
Acompanhando os altos e baixos dos conflitos da sociedade feudal chinesa, a tradução de Samah permite que os leitores do Norte da África vislumbrem a história da construção da Grande Muralha por várias etnias na China e a formação e desenvolvimento do estado multiétnico chinês.
Samah observa que atualmente a Grande Muralha não é apenas um destino turístico para lazer e esportes, mas também um local para fortalecer a saúde, aumentar o conhecimento, cultivar amizades e realizar atividades econômicas e comerciais. “Quem não visita a Grande Muralha não é um verdadeiro herói” tornou-se um lema atraente da Grande Muralha, com muitos líderes mundiais e marcas internacionais escolhendo o local para eventos significativos. A Grande Muralha promove a rica história e cultura chinesa, além de fomentar o intercâmbio cultural e o desenvolvimento econômico externo.
É importante destacar que a Grande Muralha não é apenas um símbolo do avanço da civilização chinesa, mas um marco extraordinário na história global, sendo um tesouro cultural tanto para o povo chinês quanto para a humanidade. Em 1987, foi designada como Patrimônio Mundial pela UNESCO. A Grande Muralha, assim como as Pirâmides do Egito, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Templo de Ártemis, o Farol de Alexandria e o Mausoléu de Halicarnasso, são todos marcos da civilização humana. “Você certamente chegará à conclusão de que apenas uma grande nação poderia construir uma grande muralha tão magnífica”, citou Samah as palavras do ex-presidente americano Nixon após sua visita à Grande Muralha.