Da “mágica em 8D” de Chongqing, passando pelas comidas que são tendência na internet de Changsha e chegando até Zibo, que ganhou popularidade graças ao seu churrasco. Nos últimos anos, mais e mais cidades chinesas têm se destacado rapidamente e até “se internacionalizado” graças às suas características únicas, tornando-se novos canais para os estrangeiros entenderem a China. De onde vem o vigor e a influência das cidades chinesas? Quais são as oportunidades e desafios na construção da cultura jovem urbana na China? Como a cultura urbana pode ser “exportada”? Elsbeth van Paridon, uma jovem sinóloga holandesa e consultora editorial do Beijing Review, e Liu Jianghong, vice-diretor e mentor do Instituto de Gestão da Indústria Cultural da Universidade de Mídia da China, tiveram uma conversa sobre esses tópicos.

Sobre a evolução da cultura jovem urbana chinesa, Elsbeth van Paridon acredita que se trata da história de crescimento de todo o país. O desenvolvimento econômico levou ao aumento do grupo de renda média e, após as necessidades básicas serem atendidas, as pessoas começaram a prestar mais atenção em suas necessidades individuais.

O desenvolvimento da cultura jovem também reflete como uma nação cresce continuamente. Um evento marcante nesse processo foi a emergência oficial do “estilo chinês”, que significa que a China mudou do foco em marcas globais externas para prestar atenção em seu interior.

Liu Jianghong indica que os jovens chineses estão cada vez mais em busca de uma cultura individualizada e também são mais inovadores.

A geração atual de jovens urbanos na China tem três características: curiosidade, mente aberta e vontade de colaboração. “Curiosidade” significa que os jovens estão sempre aprendendo de várias maneiras, estão cheios de curiosidade e espírito exploratório em relação ao mundo; “mente aberta” se refere ao fato de que à medida que a China se abre cada vez mais para o exterior, os jovens urbanos, no processo de fusão da cultura chinesa e estrangeira, gradualmente formaram seu próprio sistema de pensamento; e a “vontade de colaboração” descreve o quanto os jovens estão dispostos a promover um projeto por meio do trabalho em equipe.

Com base nessas características, a tendência de consumo dos jovens urbanos baseada em “interesses” está se tornando cada vez mais evidente.

Em 2022, os jovens da China, especialmente da geração Z, iniciaram a moda “ao ar livre”, buscando um estilo de vida que envolve ficar ao ar livre, aproveitar a natureza e respirar ar fresco. Em 2023, popularizou-se uma moda urbana que combina o “estilo ao ar livre” com o ambiente esportivo. Isso está intimamente relacionado com a necessidade das pessoas de se aproximar da natureza e realizar atividades ao ar livre, e também com os novos interesses dos jovens mencionados pelo professor Liu.

Além disso, nos últimos meses, ocorreu um fenômeno interessante nas redes sociais - os “companheiros”. O termo se refere a jovens que procuram companheiros online para viajar, jantar, fofocar, jogar jogos, entre outros. Elsbeth van Paridon acredita que esta é outra tentativa de estabelecer conexões com as pessoas, e também uma maneira para os jovens chineses seguirem a tendência e construírem sua própria cultura.

Falando em construção da cultura urbana, a situação na Europa e na China é um pouco semelhante. Os jovens constroem novas tendências culturais através das redes sociais. No entanto, a cultura urbana chinesa é mais inovadora e mais jovem.

Liu Jianghong acredita que a cultura tradicional chinesa deve focar na transformação criativa e no desenvolvimento inovador, que são dois pontos-chave. Transformação criativa significa tornar a cidade mais agradável para os jovens em senso estético, mais “na moda”. O desenvolvimento inovador é para tornar a cidade mais “descolada”.

Elsbeth van Paridon comenta que a construção urbana deve fazer as pessoas sentirem que é autêntica e natural, e não artificialmente criada. Manter a autenticidade e facilitar a visitação é a maior importância. A construção urbana também não deve ser apressada, o planejamento adequado deve sempre ser realizado.