O escritor e poeta chileno Neruda, grande amigo do poeta chinês Ai Qing, visitou a China três vezes. Os dois poetas tornaram-se amigos íntimos no exterior, deixando uma boa história para os intercâmbios culturais entre a China e a América Latina. Seguindo os passos do Neruda e do Ai Qing, o intercâmbio literário entre a China e a América Latina continua, mesmo durante a época de pandemia. “Contos Chineses Selecionados para Ler durante a Quarentena” será publicado em breve no México. O texto desta semana aborda o tema “Como a literatura chinesa contemporânea tem atraído o público latino-americano apesar da distância entre os continentes?”, através da entrevista exclusiva com Sun Xintang, coeditor do livro e diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Língua e Cultura de Pequim (BLCU).
Nos últimos anos, cada vez mais obras literárias chinesas foram traduzidas para o espanhol e publicadas na América Latina; mais sinólogos e jovens tradutores se juntaram à equipe de literatura chinesa; onde editoras latino-americanas começaram a dar mais atenção para a demanda, estabelecendo escritórios para a edição de livros chineses e planejando sistematicamente a publicação de obras literárias chinesas para longo prazo, na qual os livros publicados nos países da América Latina são basicamente obras representativas da literatura chinesa contemporânea escritas após a reforma e abertura do país, refletindo a realidade e as mudanças históricas da sociedade chinesa contemporânea.
Na década de 1970, a literatura chinesa moderna começou a chegar até a América Latina, com as obras do Lu Xun e do Lao She, trazendo consequentemente um aumento significativo da popularidade da literatura contemporânea chinesa na América Latina nos últimos dez anos, e isto se deve principalmente por três razões:
1. A influência da China na América Latina cresceu, especialmente nas áreas de economia, comércio e investimento.
2. Neste contexto, o número de pessoas que começaram a estudar mandarim ou que possuem interesse pela cultura chinesa também tem aumentando.
3. Com a promoção de atividades de intercâmbio literário em larga escala, a atenção de escritores, críticos e revistas literárias e meios de comunicação na América Latina continua a aumentar.
Vale notar que ainda existe uma grande lacuna entre o número de obras latino-americanas publicadas na China e de obras chinesas publicadas na América Latina, onde uma das razões importantes é que o número de sinólogos e tradutores chineses latino-americanos ainda é muito limitado. O povo latino-americano conhece muito pouco sobre a verdadeira China, e as obras literárias são uma forma importante para conhecer e entender a cultura e a realidade chinesa.
A literatura latino-americana, tem trazido um enorme impacto na literatura chinesa contemporânea, assim como os escritores chineses convidados pelo Sun Xintang a darem palestras ou discursos na América Latina sempre mencionaram a influência positiva da literatura latino-americana em suas escritas, como Mo Yan pelas obras do Márquez, Mai Jia pelo Borges, Zhang Yueran pelo Bolaño, Chen Peng pelo Fuentes, entre outros. Todos esses escritores chineses na América Latina falaram sobre as influências que eles tiveram de escritores latino-americanos.
A influência da literatura contemporânea chinesa na América Latina está apenas começando e ainda é muito pequena. Os nutrientes que os escritores latino-americanos absorveram na China se refletem principalmente na literatura antiga, especialmente do Chuang Tzu, e de poesia Tang e Song. À medida que os leitores latino-americanos estão lendo cada vez mais literaturas chinesas, é bastante provável que esta influência aparecerá gradualmente nas obras latino-americanas.